PROJETO
DE INDICAÇÃO Nº
Indica ao Sr.
Prefeito Antônio Carlos Peixoto de Magalhães Neto, a substituição da
denominação do circuito de carnaval Dodô (Barra/Ondina) para Daniela Mercury e
Osmar (Campo Grande) para Dodô/Osmar, no âmbito do município de Salvador.
A
CÂMARA MUNICIPAL DO SALVADOR
INDICA:
Considerando que o Projeto de
Indicação cujo conteúdo concerne na alteração do nome do circuito Barra -
Ondina, atualmente denominado de “Circuito Dodô”, além da alteração do circuito
de carnaval do Campo Grande, atualmente denominado “Circuito Osmar”.
Considerando a necessidade de dar-se o
devido reconhecimento à artista Daniela Mercury, grande expoente do carnaval
soteropolitano, com seu brilhantismo, carisma e talento, baluarte do Axé,
inclusive, reconhecida como a “Rainha do Axé” [1], é
que se propõe o presente indicativo legislativo, para que se viabilizem as
homenagens mais do que merecidas à aludida artista. Formada
pela Royal Academy of Ballet de Londres, Daniela é bailarina, compositora,
diretora de arte, produtora, apresentadora e atriz.
No currículo, Daniela traz
os prêmios mais prestigiosos como o Grammy Latino, seis prêmios TIM de Música,
três prêmios Multishow, dois prêmios VMB de melhor videoclipe e fotografia,
além de centenas de outros prêmios. Cantou ao lado de Paul McCartney no Prêmio
Nobel da Paz, em Oslo, na Noruega. Também foi a única brasileira a participar da
gravação do DVD que comemorou o aniversário do Cirque Du Soleil e também do
Festival de Montreal. Em 2015, comemorou 20 anos de carreira internacional.
Daniela é, até hoje, a artista que mais vendeu
discos na história de Portugal, da Argentina e do Uruguai. É também a artista
brasileira mais conhecida no exterior depois de Tom Jobim e Carmem Miranda. São
mais de 20 milhões de discos vendidos em todo o mundo (18 álbuns, sendo três
com grupos e 15 como artista solo e cinco DVDs). Segundo o, New York Times,
“Daniela Mercury ultrapassa os conceitos que foram exaltados durante sua
carreira, com um pop contemporâneo, abraçando a pluralidade étnica e cultural
do Brasil, particularmente a cultura afro-brasileira, lembrando o passado e
transformando-o”. Já o Los Angeles Times publicou: “Ela é a combinação da
sensualidade provocativa de Madonna, das pernas e energia de Tina Turner e da
elegância de Catherine Zeta-Jones”.
Considerando que além de seu talento
como cantora e sua importância para a Música Popular Brasileira, registrada
pelo pesquisador e Doutor em Música pela Universidade de São Paulo (USP), Luiz
Tattit, no livro “O século da canção”, a artista desenvolve trabalhos socais
de reconhecimento mundial, atuando como embaixadora da Unicef desde 1995,
considerando-se como motivo de sua escolha: “porque, como artista e cidadã, já
atuava em defesa dos direitos da criança, do adolescente e da mulher”[2].
Daniela luta em todo o mundo pelo bem estar das crianças e é reconhecida pelo
importante trabalho que faz, tendo sido, inclusive, convidada, em 2014, para
cantar na ONU no evento que pediu paz no planeta: o Imagine.
Considerando a necessidade de afirmar o
empoderamento feminino no Carnaval de Salvador. A homenagem à Daniela sintetiza
a afirmação da mulher na folia e aponta para a necessidade da promoção de
políticas afirmativas, voltadas para a igualdade de gênero no Carnaval, lutando
contra quaisquer formas de opressão. Esta própria homenagem já se configuraria
como uma política afirmativa.
Considerando que na figura da Rainha do
Axé estamos celebrando todas as outras estrelas e mulheres que atuam na folia
nas mais diversas funções como cordeiras, ambulantes, produtoras, policiais,
empresárias. Vale destacar que as cantoras do axé music são também grandes empresárias, e os maiores ícones do
gênero musical, que a partir do trabalho da Daniela, deixou o estereótipo de
música regional do Carnaval da Bahia, entrando no cenário da Música Popular
Brasileira. E ainda assim, não há circuito com nomes de mulheres na folia, o que
atribui à nossa festa uma essência ainda machista.
Considerando a importância da luta
contra o preconceito de gênero e racial no Carnaval de Salvador. Além de ser
uma das divulgadora da cultura afrobaiana no país e no mundo e prestar apoio a
entidades carnavalescas e culturais afrobaianas, seu bloco foi o primeiro, na
década de 1990, a aceitar cidadãos de qualquer bairro da capital, abolindo a
segregação econômica e racial dentro da corda; inaugura o respeito à
diversidade de gênero, chamando a atenção para a necessidade de organização de
uma festa mais democrática. Daniela é, sem duvida, ícone de enfrentamento de
qualquer forma de discriminação na folia e no mundo. É
Embaixadora da ONU na Campanha Mundial Livres e Iguais (Free and Equal), que luta
pela igualdade e pelos direitos humanos.
Considerando que a Daniela Mercury foi
uma das primeiras grandes estrelas a sair sem cordas no Carnaval, por
iniciativa própria, no início da década de 2000, chamando a atenção para o que
está se tornando a tendência no Carnaval de Salvador.
Considerando que não se trata de uma
simples artista que desenvolve seu trabalho em prol da fama, do dinheiro e do
reconhecimento midiático. Cuida-se
de uma artista completa, que utiliza sua
exposição para fins humanitários, na defesa dos mais necessitados, o que traz
um benefício imensurável a toda comunidade soteropolitana.
Considerando que é merecida a homenagem recomendada
com o presente Projeto de Indicação, por conta da grandeza da artista
homenageada, considerando, ainda, o meio utilizado para tanto, qual seja: o circuito Barra-Ondina do Carnaval de
Salvador, por ela inaugurado.
Considerando que, com a homenagem teríamos uma melhor denominação dos
circuitos, pontuando momentos importantes da história do Carnaval de Salvador. Ao descer para a Barra, Daniela inaugura uma nova
história na folia e na música axé. A cantora torna-se símbolo de inovação e
adaptação do gênero musical e da própria estrutura da festa ao contexto
mundial. Nesse sentido, podemos dizer que a história do Carnaval de trio de
Salvador tem um momento inicial com Dodô e Osmar, no Campo Grande, e se
reconfigura a partir do momento que a Daniela desce para a Barra, consolidando
outro circuito e inaugurando uma nova era. Daniela Mercury é um marco na
história do Carnaval de Salvador.
Considerando que não há que dissociar o
Carnaval de Salvador desse verdadeiro ícone que se chama Daniela Mercury. Logo,
ao falar-se da folia momesca da Cidade da Bahia, fala-se também de Daniela
Mercury – A Rainha do Axé. Eis, portanto, a razão do presente Projeto de
Indicação.
Nesse sentido, urge que sejam alterados
os nomes dos circuitos de Carnaval mais famosos de Salvador para:
Atual
|
Proposto
|
Circuito
Osmar
|
Circuito
Dodô e Osmar
|
Circuito
Dodô
|
Circuito
Daniela Mercury
|
Portanto, diante dos motivos acima expostos: INDICA ao Sr. Prefeito Antônio Carlos Peixoto de
Magalhães Neto, a substituição da denominação do circuito de carnaval Dodô
(Barra/Ondina) para Daniela Mercury e Osmar (Campo Grande) para Dodô/Osmar, no
âmbito do município de Salvador.
Sala das Sessões, 15 de fevereiro de 2016.
Vânia Galvão
Vereadora/Líder do
PT/Salvador
[1]
https://pt.wikipedia.org/wiki/Daniela_Mercury
[2]
http://www.unicef.org/brazil/pt/overview_9512.htm
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